Luís Espinal
Em 2008 foi escolhido como patrono do Projeto Tela Crítica o padre jesuíta Luís Espinal.
Espinal foi um ativista social que entendeu o cinema como experiência crítica.
Espinal é pouco conhecido no Brasil. O jesuíta comunista escreveu livros voltados para a prática da educação popular através do cinema.
Luís Espinal Camps, SJ (Sant Fruitós de Bages, 2 de fevereiro de 1932 – La Paz, 21 de março de 1980) foi um sacerdote jesuíta, jornalista e cineasta espanhol, naturalizado boliviano, conhecido por seu ativismo político pela causa operária. Emitiu seus primeiros votos como jesuíta em 15 de agosto de 1951. Espinal se tornou jesuíta e estudou filosofia e teologia, além de comunicação e cinema na Itália. Foi ordenado sacerdote em 29 de julho de 1962.
Em 8 de agosto de 1968, chegou como missionário na Bolívia.
Quando jovem tinha grandes paixões junto à sua vocação religiosa: era poeta, jornalista e cineasta e frequentemente dizia: "São todos meios que conduzem a Jesus".
Chegou à Bolívia em 6 de agosto de 1968. Em 11 de junho de 1970 obteve a nacionalidade boliviana, à qual dedicou seus melhores anos e esforços generosos. Plenamente identificado com as necessidades dos oprimidos, fez do seu cristianismo uma pregação constante de justiça e solidariedade em favor dos marginalizados, envolvendo-se profundamente com questões sociais e políticas. Tornou-se um importante jornalista e crítico cultural, utilizando seus escritos e filmes para denunciar as injustiças do regime militar boliviano.
Quando chegando à Bolívia, o padre Espinal encontrou uma situação política, social e econômica dramática. Naquele país sucediam-se os golpes militares e as juntas no poder competiam em ferocidade e crueldade e a política não conseguia superar os traumas da guerrilha e do assassinato de Che Guevara. Espinal sentiu-se imediatamente envolvido, e passou a apoiar os mineradores de estanho, paupérrimos, e suas mulheres (guiadas pela mítica Domitila Chúngara. Por isso, os militares o indiciaram como "perigo subversivo estrangeiro com hábito talar".
Em 1977, junto com outros manifestantes que solicitavam democracia e liberdade, participou de uma greve de fome que durou 19 dias.Logo se tornou conhecido como uma personalidade intelectual destacada em diversos campos, sendo o cinema aquele em que foi mais conhecido. esbanjou-o através de cursos universitários, cursos livres, crítica, cinefóruns e publicações na coleção Cuadernos de Cine. Ele teve um papel fundamental na luta contra as ditaduras militares na Bolívia, denunciando a repressão, a tortura e a corrupção por meio de sua atuação na imprensa e no cinema.
Ele foi colaborador do jornal "Presencia", onde escrevia colunas denunciando a repressão e as desigualdades, e também trabalhou na televisão boliviana. Luis Espinal foi Assessor do Centro de Orientación Cinematográfica onde durante vários anos dirigiu o Cineclube Luminária, vigoroso animador do Festival "llama de plata" e inspirador da criação da cinemateca boliviana, sua profunda sensibilidade social, sua autenticidade cristã. Até sua morte foi diretor do semanário "Aquí".
Seu espírito e sua dedicação total às causas justas estarão sempre presentes naqueles que se sentem honrados em ser seus amigos e discípulos.
Em 21 de março de 1980, Luis Espinal foi sequestrado por paramilitares ligados ao regime militar boliviano. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte com uma bala na cabeça, e corpo estava horrendamente mutilado. O assassinato fora ordenado e planejado pelo ditador García Meza junto com seu assistente Luis Arce Gómez. Seu assassinato ocorreu poucos dias antes do golpe de Estado que levou à ditadura de Luis García Meza, um dos períodos mais repressivos da história boliviana
.Luis Espinal teve uma relação profunda com o cinema, utilizando-o como uma ferramenta para crítica social e política. Sua formação incluiu estudos em cinema na Itália, no Centro Sperimentale di Cinematografia de Roma, uma das escolas de cinema mais prestigiadas da Europa.
Sua atuação como cineasta e crítico de cinema na Bolívia foi um aspecto central de seu trabalho intelectual e militante.Espinal escreveu extensivamente sobre cinema, analisando filmes sob uma perspectiva política e social. Ele via o cinema não apenas como entretenimento, mas como um instrumento de conscientização e transformação social.
Escrevia colunas sobre cinema no jornal "Presencia", onde avaliava a influência do cinema na formação da opinião pública e na crítica aos regimes autoritários. Além de crítico, Espinal também foi cineasta e educador na área. Lecionou cursos sobre cinema e comunicação na Universidad Católica Boliviana, ajudando a formar uma nova geração de cineastas e comunicadores críticos na Bolívia.
Luís Espinal dirigiu e produziu documentários sobre temas sociais, sempre com uma abordagem crítica. Seu trabalho cinematográfico estava alinhado com sua visão religiosa progressista e sua militância pela conscientização e luta das classes subalternas, utilizando o cinema para dar voz aos excluídos. Espinal via o cinema como um meio essencial para a denúncia das injustiças e um instrumento pedagógico para conscientizar a população sobre as condições políticas e sociais do país. Seu ativismo audiovisual o colocou em rota de colisão com o regime.
Mesmo após sua morte, sua influência no cinema boliviano permaneceu. Seu trabalho ajudou a consolidar uma tradição de cinema político na Bolívia, influenciando cineastas e jornalistas comprometidos com a denúncia das desigualdades e a resistência cultura